Caminhando dentro de nós mesmos
- Stephanie J. Tassoulas
- 26 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de nov. de 2020
"Mais tarde, aprendi que os livros acontecem dentro de nós. Claro que eles podem ser bonitos de ver, mas são sobretudo incríveis de pensar. Eu disse que ler é como caminhar dentro de mim mesmo." - Valter Hugo Mãe
Começar o texto com a frase do Valter Hugo Mãe gera em mim uma paz pelo que ela representa em minha jornada como leitora e também um desafio, porque infelizmente não conseguirei escrever sobre tal tema de uma forma tão profunda e delicada como esse incrível autor. Mas vamos lá.
Eu sempre fui a pessoa que ama livros. No meu quarto tem livros por todos lugares e quando perguntam o que eu quero de presente, a chance de eu responder que quero algum livro é bem grande. Descobri eles como meus companheiros de aventuras há bastante tempo e ainda cultivo esse hábito.
Ao ler os contos de Valter Hugo Mãe, o maravilhoso escritor português que escreveu "Contos de cães e maus lobos" da onde retirei a frase que inicia esse texto, adquiri um novo olhar para a leitura. Enquanto lia trechos como esse pensava sobre como aquilo que ele escreveu faz sentido na minha jornada como leitora, compreendendo que ler é caminhar dentro de nós mesmos.
Durante a vida passamos por diferentes hábitos de leitura e diferentes gêneros, até encontrar aquele que mais nos agrada e faz parte da nossa zona de conforto. Passamos pelos livros didáticos durante o colégio e também lemos os livros obrigatórios da fase escolar. Aos poucos vamos descobrindo as nossas paixões literárias e aqueles gêneros que você não consegue ler, mesmo tentando várias vezes (e está tudo bem não conseguir e partir para outro. Podemos ser poliamores com os livros).
Ainda há aqueles livros que precisam te encontrar. Confesso que quando escutei essa frase pela primeira vez não refleti seriamente sobre ela, mas agora compreendi e foi graças a um livro que me encontrou. Existem leituras que só vão ter sentido em determinados momentos da sua vida. Palavras escritas pelos autores que precisavam chegar em suas mãos naquele estipulado momento, em que tudo faz sentido. Já aconteceu isso com você?
Um bom exemplo são os livros da adolescência, aqueles que você leu e aí pensa que seria incrível ter aquela sensação de volta. Aí você lê e não tem mais aquela mágica e aquele sentimento. Aquele livro ficou ruim? Não. Quem sabe só já passou o momento dele com você.
Ao pensar sobre os encontros dos livros com as nossas vidas, penso que existem aqueles que magicamente aparecem. As indicações dadas pelos amigos, aquele livro que você viu na estante e se apaixonou e ainda aqueles da vez das leituras coletivas, como no caso do meu encontro com Valter Hugo Mãe proporcionado por um clube de leitura mágico do qual faço parte.
Os livros mágicos tocam seu coração de uma forma que nenhum outro fez. As palavras caem perfeitamente em seu colo e te ajudam a caminhar em seus pensamentos. Fazem você refletir sobre os acontecimentos da semana, aquela conversa com seus amigos e vão ao encontro do íntimo do seu coração, daqueles pensamentos que você guarda só para você.
Realmente a leitura é uma jornada de descobertas. Não só descobertas de novos mundos, histórias e personagens. É uma descoberta de quem nós somos. Aquilo que nos identificamos, a personagem que parece com a nossa personalidade, a frase que você gostaria de ter escrito e falado, o contexto que cabe perfeitamente em sua vida e que você desconfia se o autor sabia sobre você quando escreveu.
Essa é a mágica da leitura e da literatura. Uma caminhada dentro de nós mesmos enquanto nos abrimos para um mundo cheio de aventuras.
Stephanie J. Tassoulas
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