O poder das palavras
- Vivian Maria Korb
- 6 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de nov. de 2020
uma reflexão
Cá estou eu, sentada (com uma péssima postura) em frente ao meu computador, pensando na melhor maneira para organizar meus pensamentos e conseguir escrever um texto que possa transmiti-los minimamente. Porém, eu cansei de pensar e decidi só escrever.
E eu acho que fiz isso, pois acredito que as palavras tem o poder de organizar a confusão que encontramos em nossa cabeça, e não somente em relação a ideias e pensamentos que queremos transmitir, mas também sobre nosso sentimento. Quando estamos tristes, ansiosos, nervosos, irritados... e não sabemos o porquê, escrever pode ajudar a organizar nossos pensamentos. Escrever é materializar, é tornar real.
E é sobre isso que eu quero refletir nesse texto: o poder das palavras.
Eu comecei a refletir sobre isso quando eu estava assistindo os últimos 30 minutos do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2. Eu peguei o filme no final, mas mesmo assim já tinham lágrimas escorrendo pelo meu rosto quando Dumbledore disse o seguinte:
"Palavras são, na minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de formar grandes sofrimentos e também de remediá-los."
Mesmo já tendo assistido esse filme dezenas de vezes, eu nunca tinha prestado atenção nessa frase em questão e, quando eu parei para pensar sobre, percebi que ela extrapola o universo de Harry Potter com muita facilidade, ela fala sobre nossas experiências humanas. Fala sobre a maneira como as palavras podem afetar nossas vidas, como elas podem ser utilizadas como instrumentos de dor ou de cura.
A grande escritora norte-americana Maya Angelou disse:
“Palavras são coisas. Você deve ter cuidado, cuidado com como chama as pessoas, usando pejorativos raciais e pejorativos sexuais e toda essa ignorância. Não faça isso. Algum dia seremos capazes de medir o poder das palavras. Eu acho que elas são coisas. Eles ficam nas paredes. Eles entram no seu papel de parede. Eles entram em seus tapetes, em seu estofamento e em suas roupas e, finalmente, em você. "*
As palavras têm poder, elas são reais, elas fazem parte de quem somos. Nós usamos as palavras para falar com nós mesmos e com o mundo, elas são uma das nossas formas primordiais de transmitir informações e de nos comunicarmos. Elas têm o poder de afastar e de aproximar as pessoas.
No livro “Flores para Algernon”, Charlie, um homem com deficiência intelectual grave que passou por uma cirurgia para aumentar sua inteligência, diz: “a linguagem é muitas vezes usada como uma barreira em vez de uma ferramenta”**
Não vamos usar as palavras como barreiras, como formas de ataque... vamos usar como ferramentas, como meios de construção de conhecimento, como instrumentos de cura. Por que falar algo de maneira difícil, se as palavras foram criadas para comunicar? Por que utilizar as palavras para ficarmos presos se podemos utilizá-las para voar? As palavras libertam, constroem e expandem quem somos.
As palavras são uma parte tão integrante de nossas vidas que muitas vezes passam despercebidas, só damos valor para elas quando ficamos “sem palavras”, quando não existe nada para materializar e transmitir o que estamos sentindo ou pensando. Como disse o Agente Smith no filme Matrix: “Do que serve um telefonema, se você não pode falar?”.
E a qual conclusão eu quer chegar com tudo isso? As palavras tem poder, o poder de machucar, de ofender, de excluir e oprimir, e têm também o poder de curar, de informar, de comunicar e construir. Devemos estar cientes do poder que as palavras carregam, para que eles não sejam utilizadas como um meio de destruição, mas como nossa inesgotável fonte de magia.
*Esse trecho é uma tradução livre do inglês. O vídeo original pode ser acessado pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=8PXdacSqvcA
** “Flores para Algernon” de Daniel Keynes, 1959. Edição de 2018 da Editora Aleph. Pág. 110.
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