Pesquisa, História e ensino
- Vivian Maria Korb
- 5 de jun. de 2020
- 3 min de leitura
A palavra História tem origem no grego antigo, ἱστορία, palavra cujo sinônimo poderia ser pesquisa ou investigação e que, com o passar do tempo, se mesclou ao significado de História. Sendo assim, a própria essência da palavra se confunde com o ato de pesquisar e de se ter uma atitude investigadora.
Pesquisar para se chegar a novos lugares, encontrar novas respostas, solucionar mistérios e gerar novos conhecimentos. Isso é, acima de tudo, uma ação da curiosidade, que é intrínseca ao ser humano e que deu origem a algumas de nossas maiores obras e descobertas. O que seriamos sem a curiosidade? Sem o desejo de saber mais? Sem aquele anseio por investigar e descobrir?
A pesquisa não é somente a base da História, ela permeia todas as ciências como o processo ímpar de construção de conhecimento. “Pesquisa” que vem do latim, perquirere: “buscar com perseverança”. A pesquisa em si é uma experiência histórica e um elemento da vida humana, ela está presente no nosso cotidiano, mesmo que muitas vezes passe despercebida. Pesquisamos o melhor preço daquele celular que queremos comprar, a melhor estação para conhecer um lugar novo, o nome da música que está grudada na nossa cabeça. Não é à toa que a Google é uma empresa multimilionária e que uma das suas principais funções é oferecer uma plataforma de pesquisa.
Pesquisa essa que foi separada do processo de ensino, mesmo sendo tão presente nas nossas vidas. O ato de ensinar a História se desvinculou da pesquisa e passou a existir como um primo distante dessa ciência. É nesse momento que esbarramos em um grande problema: quando a ciência se distancia de seu objetivo prático, ou seja, da sua conexão com as necessidades sociais de determinado espaço e tempo, uma grande lacuna se forma e o conhecimento academicizado perde sua função.
A função das ciências na vida prática deve ser retomada e um bom começo seria instigar novamente a postura investigadora nos alunos. Utilizar a pesquisa como um meio para o ensino, como uma forma de atribuir significado para os conteúdos e permitir que o aluno construa ativamente o seu conhecimento. Sempre levando em conta que o processo de ensino e aprendizagem crítico e significativo da História passa pela atribuição de significado, compreensão de valores operantes e relação com a prática.
O ensino da História precisa abandonar a ideia de um conteúdo pronto e acabado e incentivar a produção dos saberes, ou seja, munir o aluno de ferramentas condizentes ao processo de pesquisa em História, para que ele carregue consigo as habilidades relacionadas ao fazer histórico e possa ir atrás do conhecimento sempre que desejar.
Isso não significa formar “mini historiadores”, mas sim alimentar uma atitude historiadora*, que possibilite que o aluno realize uma leitura crítica da História e estabeleça relações bem consolidadas entre passado e presente. O que só se torna possível quando ele compreende os processos de construção dessa ciência e a maneira como ela está estruturada.
O desenvolvimento de uma atitude historiadora está intimamente relacionado com atividades relacionadas à produção do conhecimento histórico e ao fortalecimento do pensamento autônomo. Ela abrange habilidades relacionadas com a: identificação (identificar características referentes ao objeto que será estudado); comparação (comparação entre diferentes imagens e textos, comparações inter-culturais e de temporalidade); contextualização (compreender a associação espaço-temporal dos acontecimentos); interpretação (desenvolvimento de habilidades argumentativas e do pensamento crítico); e análise (referente à problematização da escrita da História e também a um processo contínuo de se saber lidar com o mundo).
A atitude historiadora tem como sua grande aliada a pesquisa. Sendo que a pesquisa pode tanto auxiliar no desenvolvimento das habilidades já elencadas, como também pode utilizá-las em seu processo.
Para ficar mais fácil de compreender vamos utilizar como exemplo um assunto que é muito abordado atualmente, as fake news: quando nos deparamos com uma notícia precisamos estar preparados para realizar uma análise crítica da mesma, iniciamos um processo de pesquisa para conferir fontes seguras, comparar o que diferentes pessoas então falando sobre o mesmo assunto, interpretar e contextualizar o que está escrito. Realizamos um trabalho de pesquisa para identificar as fake news e evitar a disseminação de informações falsas e errôneas. A pesquisa que realizamos no nosso dia a dia pode ter uma importância tão grande quanto uma pesquisa acadêmica.
E para que esse seja um processo cada vez mais consciente e crítico é fundamental que tenhamos uma base forte durante a educação básica. Só assim a pesquisa vai ultrapassar os muros acadêmicos e a lacuna criada pela “ciência pela ciência” para retomar seu lugar na vida prática. Afinal somos todos pesquisadores por natureza, não é mesmo?
*Atitude historiadora de acordo com as definições da BNCC de 2017.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
Isso mesmo José! Devemos cada vez mais utilizar a pesquisa em sala de aula de uma maneira crítica, demonstrando a sua cientificidade para os alunos e munindo eles de competências para que realizem pesquisas de qualidade e que contribuam para o processo significativo de aprendizagem! Obrigada pelo ótimo comentário!
A pesquisa é muito importante como foma de se obter conhecimento, mais devemos saber fazer a pesquisa, pois na maioria das vezes as pesquisas viram copias do google e copia não trás aprendizado. A pesquisa tem sido utilizada para se obter notas e não para conconhecimento isso tem atrasado a aprendizagem das pessoas nesta área.